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 Eu. Se me dão licença, hoje quero falar de mim. Não me considero importante, mas tenho as minhas importâncias. A sensação que tenho de mim, deste de quem quero aqui falar, é de que os outros não me chegam aos calcanhares. Não é que os considere inferiores, mas cada um deve saber e tratar da sua vidinha conforme pode, e eu cá achei uma maneira muito peculiar de tratar da minha.

Há coisas que me foram postas no berço, das quais não tenho culpa nenhuma e pelas quais nada fiz, mas que também nunca precisei. Desde o nascimento que sou um indivíduo dotado de talentos. Na escola as minhas grandes qualidades logo se revelaram e os meus bons professores só tiveram que as estimular. Embora soubessem do sangue que me corria nas veias, nunca lhe ligaram pevide, preferindo concentrar-se nos meus méritos inatos. Um gesto de grande nobreza.

Apostei numa formação universitária completamente alheia à ciência paterna. Ardia em mim mostrar o que valia e mostrei-o com uma perna às costas. Abracei uma profissão que me permitiu comer à mesa com a fina flor da sociedade. O que ela me dava, eu retribuia-lhe a dobrar. A minha natureza generosa, tornava a nata social ainda mais genuína. Entre elites uma mão lava a outra. A fama e o bom nome dos homens de sucesso, ao passarem pelo meu teclado, faziam-me cada vez maior. Imparável, apercebia-me a crescer muito para além de mim. Os espelhos onde me olhava só não se estilhaçavam porque eu sempre tive o cuidado de me afastar a tempo.

Sei que os tempos não estão para brincadeiras e sempre me avisaram que a política é um espaço de ingratidões. Uma seca, eu que o diga. Há ofensas que não mereço, que considero intoleráveis. Sinto os meus valores eternos a serem vilipendiados. Eu, filho do meu pai, com uma carreira profissional que se pode ver, a ser ignorado? Eles mal sabem o que eu sei, o que vi e lhes ouvi!

Ofenderam-me. Recuso-me a ser uma pessoa normal que fez o seu trabalho. Olho para a sociedade e não a consigo imaginar sem mim. Tenho imenso para lhe dar mas não me deixam. Abrirei um novo caminho. Com o meu livro „Eu E Os Podres Deles“ vou dar início à minha segunda vida. Uma garra destas não se dobra assim!

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